O George Francês e o George Americano

Dois Homens, Um Sonho

Assim como George Lucas bebeu de várias fontes para criar Star Wars (como Kurosawa, Buck Rogers e Flash Gordon, só para citar algumas), assim também bebeu Georges Méliès para criar Viajem à Lua. Tal como a fantástica literatura de Julio Verne com “From the Earth to the Moon” (1865) e H.G.Wells, “First Man on The Moon” (1901). A velha, “nada se cria, tudo se copia” não pode ser tão ruim assim. Na verdade, quando temos uma veia artística, e queremos extravazar, normalmente algo ou alguém nos inspirou. Consulte o seu artista interior. 😉

Cena de Viagem à Lua (1902) – Bastidores

Não poderia deixar de comentar que, além do mesmo primeiro nome que carregam (que é George) os dois não param aí na semelhança de suas histórias. Tal como o George americano, o George francês teve de vencer inúmeros pré-conceitos e acreditar em sua obra e sua visão para levá-la às telas de cinema e literalmente LANÇAR o gênero de ficção científica no meio cinematográfico de forma como nunca foi antes visto.

Chewbacca, que NÃO É um macaco!

Uma vez que a película que tinha aproximadamente 20 minutos lhe custaria uma fortuna, Méliès teve muita dificuldade de angariar fundos. Somente após uma prévia de alguns minutos de filmagem para uma audiência, que era alvo de seus interesses, ele conseguiu dinheiro para desenvolver o filme. Essa prévia fora um sucesso.

O George americano passou por um perrengue parecido quando tentava convencer aos estúdios milionários de cinema de que um Wookie não era um macaco grande. Um dos executivos chegou a se irritar com o fato de não compreender “porque um macaco grande e peludo urrava como um urso”, e o pobre George sempre rebatia: “porque ele não é um macaco. É um wookie”. Lucas sofreu.

Méliès era um ilusionista assim como Lucas também. Méliès era a  sua própria Industrial Light and Magic e fazia seus próprios efeitos especiais. Produziu mais de 550 filmes, a maioria curta metragens e apesar dos irmãos Lumiére terem sido os pais da linguagem cinematográfica, George Méliès foi brilhante com seus efeitos ilusionistas para encantar platéias diante das películas. O cinema fora um veículo brilhante para que ele pudesse expressar suas habilidades e truques.

O sucesso de Viagem à Lua (1902) foi imediato e internacional, porém, todo dinheiro arrecadado fora da França não foi direto para os bolsos de Méliès, devido a distribuição de cópias piratas por todo o território americano. É amigos, pirataria de mídia, em 1902. Tem coisas que não mudam nunca…

Outro filme de Méliès – Aventureiro encontra mundo submarino

As similaridades entre Georges Méliès e George Lucas não  param por aqui. Suas histórias se confundem no meio cinematográfico. A história  de suas obras também. Se Stanley Kubrick me permitisse, eu diria que Star Wars  de George Lucas relançou o gênero, que estava desacreditado nos anos 60 e 70, e  abriu inúmeras portas em vários aspectos e lançou modas e padrões, como por  exemplo, seqüências cinematográficas como as “trilogias” de filmes; o termo  blockbuster para filmes com bilheteria estupenda; trouxe público arrebatador  para o cinema com voltas e voltas de filas nos quarteirões; utilizou-se  largamente de técnicas antigas e “novas” (naquela época) para contar sua  história; tecnologia, ilusão e visão de vanguarda.

Chinese Theather – Estreia de Star Wars em 25 de maio de 1977

 Não quero dizer que 2001 – Uma Odisséia no Espaço não tivesse feito parte disso (percebam que o hangar da  Estrela da Morte é praticamente o mesmo que o hangar da base lunar em 2001),  mas o que quero dizer é que Star Wars é especial. Em uma época em que Planeta  dos Macacos, o original com Charlston Heston, custou U$33 milhões, Star Wars  custou cerca de U$9 milhões. E olha só o que o senhor George Lucas e  sua equipe de hippies-estudantes-sonhadores conseguiram nos mostrar. Foi a  mesma sensação que a audiência há 75 anos atrás, lá no início do século sentiu ao  ver aquele foguete espetado no olho da face da Lua, simplesmente GENIAL.

Desbravadores pousam na Lua!

Portanto Méliès e Lucas tem muito mais em comum do que possa aparentar. Em épocas diferentes, criaram seus fenômenos pop que abalaram o mundo do entretenimento ocidental. Méliès tem os desbravadores que furaram o olho da lua com um foguete espacial…. Lucas tem Darth Vader e seus lightsabers. E nós temos sorte. Sorte de poder contemplar a visão maravilhosa que esses homens especias resolveram nos mostrar.

Dois Mestres. Dois Visionários. A mesma visão.

Curiosidade: O acervo de Méliès ainda é difícil de ser encontrado, porém, sua obra prima, Viagem a Lua de 1902, é ponto obrigatório para qualquer cinéfilo. E o melhor é que a obra está em domínio público. Pode ser baixada nesse link abaixo:

http://www.cinemaclassico.com/index.php?option=com_content&view=article&id=3743:viagem-a-lua-1902&catid=45:filmes&Itemid=54

O George Americano a gente tá careca de conhecer. Falta agora o George Francês.

Vai me dizer que você não vai conferir? 😉

Alexandre Vader.

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O Indeciso George – Parte 2

 

Continuando o artigo, entendemos a empolgação do Sr. Lucas. Nós mesmos, os fãs, nos empolgamos. Afinal de contas é Star Wars! E não o tal Star Wars “novo” I, II e III! Falo do Star Wars “velho”, e queremos novidades sobre os clássicos ad eternum. Por isso, aceito dividir essa culpa com o criador dos Jedi, afinal de contas quem não gostaria de ver a tal trilogia pós-Retorno de Jedi!? Uma coisa que não aceito é ser tratado como bobo.

 

Vejamos abaixo mais alguns equívocos:

Han Solo Encara Jabba, The Hutt

Han Solo é um personagem em evolução, como todos os demais amiguinhos rebeldes, certo? Portanto quando ele é introduzido em Star Wars – Episódio IV, assim como Luke e Leia, ele está sendo desenvolvido e construído passo a passo, assim como os demais. Então, entendo que, quando você introduz uma cena no meio dessa cronologia particular de uma personagem, você tem que tomar alguns cuidados. Cuidados estes que vocês bem sabem Sr. Lucas não tomou e o resultado ficou no mínimo, duvidoso. Particularmente, esta também não desceu bem. 😦

A cena em que Han Solo encontra Jabba no Ancoradouro 94, que ficou guardada nos cofres da Lucas Film por mais de 20 anos, foi inserida no Star Wars Special Edition. O motivo da remoção da cena no filme lançado em 1977 teve uma razão MUITO correta e não há o que discutir. Jabba, The Hutt, o asqueroso Gangster espacial que conhecemos apenas em Retorno de Jedi (onde a personagem teve sua primeira aparição com aquele animatronic de borracha que carregava três caras dentro e três fora pra dar vida ao bicho) era pra ser grande, gordo, vil e muito, muito asqueroso. O aspecto era o de respeito através do medo, de uma criatura repugnante e malvada. Valeu Georgie! Ponto pra você. E assim nasceu o Jabba que todos amam odiar, aquele que conhecemos em o Retorno de Jedi. Porém, ele arranhou novamente a imagem de Han Solo. A cena fica deslocada e o personagem teve um desajuste em sua evolução, explico abaixo.

Como Georgie não sabia se filmaria outros filmes de sua ópera espacial, ou até mesmo sabia se, o infame Star Wars faria algum sucesso, ele introduziu Jabba no primeiro filme (quando falo primeiro pessoal, digo o Original, o vulgo Episódio IV). Um ator chamado Decland Mulholland, representou a personagem de Jabba, que não tinha praticamente NADA das características por mim elencadas logo acima. Ele parecia mais um vilãozinho dono de uma milícia local com uma patotinha de patifes tentando posar de caçadores de recompensa quando na verdade mais parecem guardinhas de segunda.

Para piorar a história, o COMPORTAMENTO de Han Solo, veja aí a mudança NOVAMENTE no alinhamento da personagem, tem um jeito COMPLETAMENTE antagônico ao Han Solo que se mostra desesperado por estar devendo uma grana preta ao Jabba e ao mesmo tempo animadérrimo pela promessa de receber 17.000 créditos pra levar um velho e um garoto no porta-malas da Falcon Millenium. Justamente quando ele encontra Greedo e o resto vocês já sabem… Ele atira primeiro, em seguida atira depois e logo adiante atiram juntos, é uma maravilha… :-S

Afinal de contas se o Han Solo é o que “atira depois” de Greedo (eita papo de maluco não!?), ele não seria o mesmo Han Solo que aponta o dedo na cara de Jabba no Ancoradouro, que pisa no rabo do coitado e ainda o chama de “maravilhoso ser humano”, debochando de Jabba, após ter DITADO as regras do pequeno juro, reajustando-o, que Jabba tenta aplicar em cima dele. FALA SÉRIO. Como diz uma amiga minha: “rrrEEEEEEEdiculo”. Eu acrescentaria PATÉTICO. Esta cena poderia ter vindo como um bônus do DVD, porque não? Tem que entrar no filme e c4g@4r tudo um pouquinho mais?  É mesmo muito maneiro ver um trabalho do Harrison Ford, que ficou guardado 20 anos em algum porão empoeirando da Lucas Film, ainda mais trajando indumentárias de cowboy espacial que é o Han Solo. Mas sacanear Solo novamente, no MESMO filme? Demais pra cabeça da personagem (e pra nossa também, não?). Quando acabou o Special Edition, Han pediu pra presidenta dos Rebeldes, Mon Mothma (é! Aquela com cara de Fátima Bernardes ruiva que aparece quase chorando no Retorno de Jedi quando fala que “perdera muitos bothans para conseguir essa informação”… essa mesmo!), um tratamento psicológico, pois o pobre coitado deve estar deveras confuso. Alguém deveria avisar ao pobre Han que a sacanagem não deve parar nos Special Editions da vida nem nos DVD. Talvez a Princesa Leia coloque no orçamento rebelde um psiquiatra, quando Solo souber que os BluRays estão chegando. Pobre Han….:-S

Jabba, The Digital

Já não bastasse essa confusão de títulos e versões para um mesmo filme da saga (e olha que ainda existem mais cinco episódios, malditos midchlorians!!!) e a confusão que fizeram na pobre cabeça do nosso amigo Han, quebrando a evolução dele como personagem coerente que foi um dia, me aparece então o que no lugar do desconhecidíssimo Decland Mulholland? Um Jabba The Hutt digital ora bolas!!! Pensavam o que? Isso mesmo… um ensaio bacana pro Jar Jar, a ser lançado em 1999 no Episódio I. A coisa SÓ melhora….. :S

Agora vocês podem escolher o porquê do título desse artigo chamar-se o “Indeciso George”. Se foi porque George Lucas quis sacanear o alinhamento e evolução da personagem de Han ou se ele não Gostou do Jabba digital que criou pra papagaiar o Episódio IV. E tem mais, é verdade! Esqueci de contar, pros que ainda não sabem, é claro… Nosso amigo Lucas colocou um Jabba em cima do ator pro lançamento do Special Edition nos cinemas em 1997, como bem falamos. Não satisfeito, substituiu o Jabba digital por OUTRO Jabba digital, um pouquinho mais próximo do Jabba de latex do Retorno, no lançamento do mesmo famigerado Special Edition em DVD de 2004. Tá confuso né? Muita mudança? Eu também fiquei no começo. Pra falar sério, fiquei mais pensativo do que confuso, pensando cá com meus botões quando isso ia acabar. Bom, pelo menos o Jabba de 2004 parece mais com o inesquecível Jabba de borracha, extremamente convincente, como comentei à pouco. Como nós, eu e vocês, estamos com “sorte”, provavelmente seremos enganados no BluRay como de costume. Quem sabe ele não sacaneie a gente mudando novamente o Jabba. Mas só que dessa vez ele seria capaz de mudar o Jabba de Retorno, tirando o prop de latex e animatronic e colocando uma bo$t4@! de CGI ridículo pra ficar tudo igual a lambança que ele vêm fazendo (mas não temam tanto! Pelo menos a lambança virá em FULL HD que você poderá apreciar em sua maravilhosa TV de 44 polegadas ;-P).

 

Veja aqui as cenas comentadas no artigo:

Curiosidade: Na cena original, que foi removida em 1977, Harrison Ford numa certa hora, dá a volta por trás do ator que faz Jabba. Quando a cena foi inserida no Special Edition, isso seria um problema. Mesmo na inserção digital, Jabba, na concepção que George desejava, é grande, gordo e tem uma longa cauda. Os magos da ILM resolveram o assunto fazendo com que Han Solo pisasse na cauda de Jabba ao circundá-lo. Essa saída rendeu 1 semana de brainstorm em reuniões entre os entendidos no assunto. Sr. Lucas deu a última palavra. Han PISA em Jabba. 😉

Decland Mulholland como Jabba: http://www.youtube.com/watch?v=itWq71Y5-B4

Han e Jabba Special Edition 1997: http://www.youtube.com/watch?v=7eCg0rGfH-w

Han e Jabba Special Edition DVD 2004: http://www.youtube.com/watch?v=AjNrGgTuvXE

 

Apesar de Tudo…Boba Fett!!!

Pra não bater muito no homem (que as vezes merece mesmo), vamos dar um descontinho. Pelo menos ele trouxe o caçador de recompensa mais amado da saga para fazer ponta no Episódio IV do Special Edition. Boba Fett, que em todos os filmes clássicos não somava uns 15 minutos de cena no total, e agora com os Specials Editions da vida, deve ter uns 17 minutos e meio.

 

Na terceira parte tem mais mexe não mexe com o Indeciso George!

Alexandre Vader.

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O Indeciso George – Parte 1

 

Star Wars – O Original

Hoje, milhões de informações são jogadas nas cenas de um filme, como por exemplo Transformers. Quando vejo Star Wars (vulgo Episódio IV – A Nova Esperança), que é o meu filme preferido da saga, concordo que, em tempos de milhares de informações consumidas em uma cena de filme em frações de segundos, o assalto à Estrela da Morte do filme original ficou monótono e sem sal. Como se não bastasse a mudança dos títulos de Star Wars para “Episódios IV, V e VI”, o mesmo filme tem várias versões, como por exemplo Star Wars – O Original pode ser: Star Wars – Episódio IV, Star Wars Special Edition Episódio IV, Star Wars Episódio IV – Uma Nova Esperança e por aí vai. Como no exemplo dado aqui, acho mesmo que o mais atingido foi o próprio Star Wars – O Original, quando Star Wars Special Edition fora lançado, tamanho número de plástica que sua “Edição Especial” recebeu.

 

Vejamos algumas delas:

O Assalto a Estrela da Morte

Acho que pensar de modo radical, me perdoe os puristas, é fechar os olhos para vanguarda! Vanguarda esta que, lançou homens como Georges Méliès (Viajem à Lua – 1902) e George Lucas (Star Wars – 1977), a colocarem suas visões e sonhos em uma película para  compartilhar com o mundo, ou seja, nós – o que humildemente admito, pura sorte nossa!

Portanto, quando Sr. Lucas lançou Star Wars Special Edition com as modificações, que deixou os puristas em verdadeiro frenesi na época, vamos admitir que o assalto à Primeira Estrela da Morte ficou MUITO bom na versão mexida. A cena em que o Wedge Antilles atravessa o Tie Fighter explodido pelo próprio, quando ambas as naves estavam cara a cara, ficou DEMAIS. TODA A SEQUÊNCIA ficou finalmente DIGNA de STAR WARS. Só então eu pude entender quando Lucas dizia que “os filmes eram imperfeitos”. Entendo também que o Star Wars Special Edition foi uma maneira dele “brincar” com toda sua parafernália digital e “ensaiar” para a nova prélogia.

Mas, infelizmente, a mão que cria, destrói…. 😦

 

Greedo Atira Primeiro

Agora, o que não entendo (e NÃO aceito) foram coisas como “GREEDO ATIRA PRIMEIRO”….. <silêncio> …. Pelo Amor dos Whills!!! Mas que P(!@*#% é essa!?!?!? HAN SOLO ATIRA PRIMEIRO SIM SENHOR! Eu cresci com ESTE Han Solo… confesso que fiquei confuso e frustrado com essa palhaçada. Han Solo não é o Luke. Han Solo é Han Solo, pombas! Atirar primeiro não faz dele um cara ruim, faz dele um cara vivo! Afinal de contas o cara não é um contrabandista!? De fato ele deve ter feito coisas de que sua mãe não se orgulharia, enfim… O cara é o tipo do herói “rogue” que nosso lado nada bonzinho cansa de gostar, e acho que é por isso que, me parece (na opinião dos fãs mas ardorosos), ser um dos personagens mais queridos do que o próprio Skywalker (o Filho rsrs). E o Greedo, era um bandidão…. ele mereceu… 😉

Fico procurando um motivo que preze esta mudança (que foi uma aberração), mas não consigo achar nenhuma. De todas as baboseiras que Sr. Lucas falou a respeito desta cena, entendi todas, mas não aceitei nehuma justificativa. NÃO PROCEDE. Greedo poderia ser um sacana bem pior que o Han Solo por ser um mercenário sem escrúpulos, mas convenhamos, o charme de Han Solo era bancar o “cowboy do espaço”. As vezes acho que Sr. Lucas pensa que os fãs de Star Wars são idiotas.

Em tempo: Mais ridículo ainda é ver o pescoço de Han Solo balançar como em uma balada do Fat Family para desviar do tiro que o Greedo disparou PRIMEIRO (pelo amor dos Whills novamente…)

 

 

Greedo Atira Junto com Han Solo

Na época, xinguei tanto Sr.Lucas por causa dessa mudança (e mais 1.002.238.329.317.987 fãs da trilogia clássica fizeram a mesma coisa) que o pobre coitado deve ter ficado tão abalado que resolveu mudar (NOVAMENTE!) esta cena. No lançamento dos filmes em DVD em 2004, George Lucas, com a orelha derretendo de tão quente, fez com que Han Solo não atirasse primeiro, e nem o pobre Greedo. Eles SE atiram. Ajudem-me malditos Midchlorians! Eles SE atiram, que constrangedor. É isso mesmo, os meninos atiram JUNTO. Os dois cronometram os tiros, como que em um ensaio. Mais ainda assim, no momento final a cabeça de Han Solo ainda dança ao som do Fat Family (Whills… me ajudem!!!! :-S).

Raios! Não ficou ruim, digo, essa concepção dos dois atirarem juntos. Se pararmos pra analisar a situação, ela seria muito plausível até, se… ESSA FOSSE A CONCEPÇÃO ORIGINAL. Que me mordam TODOS os malditos Midichlorians do Mestre Yoda, mas mudar os “defeitos especiais” do primeiro assalto à Estrela da Morte, e melhorar toda a sequência, atualizando-a, vá lá, que não foi ruim. Mas caramba! Sr. Lucas DEIXA QUIETO! Você alterou o alinhamento da personagem quando ele atira depois. Han Solo atira primeiro e ACABOU.

 

Veja os videos aqui:

Han Atira Primeiro http://www.youtube.com/watch?v=e1YbFnkZwZk

Greedo Atira Primeiro http://www.youtube.com/watch?v=0qUjsCODGnE

No post O Indeciso George – Parte 2, falarei de outro grande equívoco cometido pelo pai da criança… aguardem. 😉

 

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O Enigmático “The Journal of the Whills” – Parte 3

Revelações

Primeira Revelação:

Quem leu o artigo The Journal of the Whills – Parte 2 e acharam que George Lucas estava se referindo à Anakin Skywalker, como o sujeito oculto da profecia do Journal, me desculpe caros leitores, mas erraram, e feio. Não os culpo. Esse tal de George Lucas é um fanfarrão (ou espertalhão) sempre nos iludindo.

Mesmo que o criador de Star Wars alegue que tooooooda a história, tooooda a saga se tratava da queda e ascensão de Anakin Skaywalker, ele é mais cara de pau do que o de costume. Para quem gosta da personagem de Luke Skywalker, acertou, o tal “Filho dos Sóis” era Luke, que na época em que esse trecho do The Journal of the Wills fora escrito (1975) por Lucas, Luke Skywalker NÃO era filho de VADER e pasmem, ainda no Star Wars original (vulgo Episódio IV) isso não era uma verdade!….. longa história, explico em outra série de artigos! Promessa!

 

Segunda Revelação:

Quem conhece, tem, viu ou já leu o livro The Art of Star Wars, lançado em 1979 vai notar o seguinte, antes no script apresentado nesse livro… “Star Wars….. retirado do Journal of the Whills”. Para tudo! Em 1979, Star Wars já era um filme. Nada vimos falar ou deixar entender sobre o que eram (e SE eram) ou o que era, esse tal Journal of the Whills. Mas na literatura de livros licenciados, lançados no mercado, não param de mencionar esse tal Journal.

Um furor causado pelo próprio Lucas nas famosas Bantha Tracks, newsletter do fã clube oficial, mencionado em 1978, dizia a princípio que ele tinha material escrito o suficiente para lançar 12 filmes, o que foi retificado em 1980, pelo próprio, que disse ter SCRIPTS (vejam bem, SCRIPTS) para nove filmes. Obviamente que, o “livrão” de rascunhos dele era sua fonte primária, sua fonte energética, de onde ele bebia Star Wars para novelizar e roteirizar as versões oficiais de seus filmes no universo de Star Wars.

Com tanta citação ao Journal em rascunhos e scripts, me despertou a curiosidade de ler mais sobre a história de como Star Wars fora escrita e acho que achei o melhor livro sobre esse assunto, que é “Star Wars – The Annotated Screenplays”. Neste livro, George Lucas desmistifica, o que eu já vinha achando ao longo do tempo de estudo do que era The Journal of the Whills, porém uma revelação DEVERAS interessante saltou aos olhos quando li, da boca do próprio:

“Originalmente, eu estava imaginando que a história pudesse ser contada por outra pessoa; haveria alguém, observando tudo que acontece no universo e registrando, alguém provavelmente muito mais sábio do que os personagens mortais dos eventos atuais. Eu eventualmente larguei essa idéia de mão e, o conceito por trás dos Whills se transformou na Força. Mas o Whills se tornou parte dessa massiva fonte de notas, informações, backgrounds que eu usei para escrever os scripts; as histórias foram atualmente geradas a partir do ‘Journal of the Whills’”.

 

 

Considerações:

Bem, meus caros leitores, impressionante não? Os Whills na verdade eram entidades supremas, talvez uma espécie de Deuses ou Entidades Cósmicas, que acredito eu, não interfeririam na história da galáxia, mas sim observariam e, como o próprio Sr. Lucas disse, registrariam. Isso me faz lembrar O Vigia do Universo Marvel, que teria a mesma função que os Whills de Star Wars, aparentemente. O que me deixou encucado com essa revelação foi o fato de, aos poucos o conceito dos Whills se transformarem na Força. Como se deu isso!? Essa eu preciso estudar mais ainda. Pra bem dizer da verdade, eu nunca achei nenhuma informação sobre esta, digamos, “transformação” de Whills para a Força, e temo, se estiver apenas dentro da cabeça do Sr. Lucas, talvez nunca saibamos.

Outra coisa bem legal que as citações encontradas nesse livro mostram é que, embora George Lucas estivesse já imaginando, pensando, processando toda a informação de Buck Rogers, Flash Gordon, Akira Kurosawa e mais o que ele captou ao longo de sua vida, NÃO É VERDADE que ele começara a escrever Star Wars em 71 ou 72 como algumas pessoas dizem. Lucas diz que, enquanto filmava American Graffiti em 1972 com Richard Dreyfuss, já estava esboçando mentalmente o seu “The Journal of the Whills”, que na verdade era o seu compendio de informação, seu embrião para o que viria a se tornar Star Wars. Na prática ele só começou a rabiscar seu lápis em Março de 1973, após American Graffiti. Eu também utilizo esse tipo de técnica nas minhas campanhas de RPG rsrsrs.

Impossível deixar de dizer aqui que, eu achei American Graffiti chato pra dedéu, mas dele nasceu uma parceria MUITO promissora. Quem viu o filme pode perceber que, Harrison Ford faz uma ponta, uma personagem menor. American Graffiti é de 1973. Vocês já imaginam né? Em 1975, Ford virou Han Solo e depois, Indiana Jones e Jack Ryan e então o Ator do Século e blá, blá, blá. 😉

Ficou uma curiosidade, que ainda vai entrar pros meus estudos, se esses tais de Whills se transformaram na Força, segundo George Lucas, será que os tais Midichlorians já existiam nesse mega compendio, esse livrão de rascunho, ou formalmente conhecido como The Journal of the Whills!? Vou pesquisar mais sobre o assunto. Pode ser que eles estejam perdidos em algum rascunho de script que ele deixou para trás. Se achar, volto aqui pra contar pra vocês. Mas acredito fortemente que isso seja um devaneio atual. Em tempos em que o Espiritual fora trocado pelo Tecnológico, Sr. Lucas se empolgou um pouquinho e transformou a misticidade da Força em genética, o que em minha opinião foi um sacrilégio. De certo, Star Wars em muitos aspectos é genial. Mas alguém segura esse homem aí pelo amor dos Whills! Midichlorians é uma afronta à inteligência dos fãs! Quebra a magia da saga não sapo barbudo! Inventa, mas inventa de leve! 😉

 

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O Enigmático “The Journal of the Whills” – Parte 2

Um grande Compêndio sobre o Universo

Como visto no artigo The Journal of the Whills – Parte 1, o passado de Star Wars, ou pelo menos, a crescente ganância e corrupção do governo, as Guerras Clônicas, o golpe de Palpatine na República e o expurgo da Ordem Jedi já eram certas. Não digo que todos os eventos contados nos dias de hoje sobre esse passado, que o próprio Sr. Lucas já chamava de “Primeira Saga” nos primeiros rascunhos de Star Wars feitos antes da película de cinema, realizados entre 1973 e 1976, foram imaginados EXATAMENTE do jeito que estamos conhecendo, seja pelos filmes novos ou pelo desenho Clone Wars e obras lançadas de 1999 para cá. Na verdade não. Mas a idéia, muito BEM DEFINIDA do que ocorreu no passado da trilogia clássica (Episódios IV, V e VI) já tinham sido esboçadas, e melhor, ESTAVAM lá, no tal do Journal.

Quando estive do Lyndon B. Johnson Space Center na NASA em Houston – Texas (sim, caros leitores, eu realmente estive lá em agosto de 2009, e estive também na salinha de comando da NASA que se chama NASA Space Command Center, daí o nome do Blog, capice? Foi a viagem de uma vida, sabe?  ;-D), na área de entretenimento do centro pude ter o prazer de presenciar várias peças doadas e mantidas pelo Sr. Lucas utilizadas nos filmes. O que vi de legal foi o carro em que o Bail Organa salva o Yoda da Ordem 66, uma Speeder Bike utilizada no Retorno de Jedi, roupa utiliza por Robert Durvall em THX 1134 e algumas outras peças de Indiana Jones (não me perguntem porque pois não tem nada a ver com  o tema) e finalmente uma VERDADEIRA PÉROLA! Manuscritos escritos à mão pelo próprio George Lucas datadas entre 1973 e 1976. Os manuscritos estavam enfileirados lado a lado e podia-se ler o que estava escrito diretamente da caligrafia do criador de Star Wars. Sr. Lucas utilizou-se de um lápis comum n.o 2 para escrevê-los e na minha leitura, desse inestimável tesouro, deparei-me novamente com o tal Journal of the Whills, dessa vez retratado de forma diferente do que podemos ver nos Prólogo da novelização de Star Wars by Geroge Lucas de 1976. E, com esses olhos que a terra há de comer um dia, vi e constatei que, Star Wars teria um foco de narrativa a partir desse “tal” de Whills, que permaneceu nos rascunhos até os 47 minutos do 2.o tempo. A única diferença entre o que está descrito nos rascunhos iniciais de Star Wars e no Prologo da novelizaçao é que, ele trata o Journal of the Whills como uma espécie de passagem bíblica, com descrito em parte do Segundo Rascunho feito em 1975  (este também disponível para leitura do público na NASA em Houston). Veja abaixo um trecho revelador:

“… E em tempo de um grande desespero, deve surgir um visitante, ele deverá ser conhecido como: O FILHO DOS SÓIS.

Journal of the Whills, 3:127″

 

O tom bíblico da escrita, assim como a numeração que lembram salmos, me dão a dica de que esse Journal era um grande compendio de informações catalogadas sobre os principais acontecimentos históricos do Universo conhecido da saga. E isso é uma verdade. A “LENDA” de que George Lucas escreveu toda sua saga em um grande livrão e depois teve que escolher um pedaço para filmar, não é mentira. Ele REALMENTE tinha todo esse material, que foi trasnformado nos filmes que conhecemos. Não EXATAMENTE como eles são, mas o grosso da saga (me refiro aos 6 filmes) estava sim rascunhada em alfarrábios. Na cabeça do Sr. Lucas, o tal Journal of the Whills era na verdade o seu “livrão” cheio de histórias de passado, presente e futuro do Universo de Star Wars, um verdadeiro background de suporte, um legítimo compendio.

 Não perca a continuação do artigo The Journal of the Whils – Parte 3. Há uma revelação realmente impressionante sobre o Journal que deve ser notada, anotada e repassada aos seus amigos! 😉

 

Links que possam interessar:

NASA Johnson Space Center:

http://www.nasa.gov/centers/johnson/home/index.html

Alexandre Vader.

 

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O Enigmático “Journal of the Whills” – Parte 1

O Começo de Tudo

Ao ler a novelização de Star Wars (vulgo Episódio IV – Uma Nova Esperança hoje em dia), não pude deixar de perceber que, muito do que vemos hoje em dia na saga, intermináveis guerras dos clones, queda da república galática da forma que vimos nos novos filmes e tudo o mais, de alguma forma já estavam nos anais da galáxia de Star Wars.

Aqui eu traduzi o Prólogo desse livro (minha edição está em inglês. Sei que existe cópia em português porque uma amiga diz que tem, mas pra mim é que nem cabeça de bacalhau, eu nunca vi), e atento para um detalhe MUITO interessante, a menção ao tal do “Journal of the Whills” pela primeira vez para o público.

(A tradução foi feita na íntegra por mim, na maior exatidão que pude para não distorcer em nada as palavras do Sr. Lucas):

Prólogo do livro STAR WARS by George Lucas:

“Outra galáxia, outro tempo.

               A Velha República foi a República da lenda, maior do que a distância ou tempo. Não precisamos notar quando foi ou quando se deu, apenas saber isso… ela foi “A” República.

               Uma vez, debaixo da sábia orientação do Senado e da proteção dos Cavaleiros Jedi, a República prosperou e cresceu. Mas como acontece muitas vezes quando poder e riqueza ultrapassam além do admirável e alcançam o espetacular, então aparecem aqueles, malignos, cuja a ganância existe o suficientemente na mesma proporção.

               Então, aconteceu com a República quando ela estava no topo. Como a árvore mais majestosa, apta a aguentar qualquer ataque externo, a República apodreceu justamente de onde o perigo não era visível do lado de fora.

               Auxiliado e encorajado por indivíduos incansáveis e com fome de poder dentro do governo e os massivos orgãos de comércio, o ambicioso Senador  Palpatine fez com que, ele mesmo, fosse eleito Presidente da República. Ele prometeu acabar com os desafetos entre as pessoas e restaurar a lembrada glória da República.

               Uma vez, sedimentada esta posição e seguro dela, ele se declarou Imperador, deixando de ser uma pessoa acessível para a população. Rapidamente ele cercou-se de assistentes puxa-sacos que ele mesmo apontou para altos comandos, e os apelos do povo por justiça e ordem não chegavam aos seus ouvidos.

               Tendo exterminado os Cavaleiros Jedi, guardiões da justiça na galáxia, traindo-os e enganando-os, os governantes e burocratas Imperiais se prepararam para instituir um reinado de terror entre os mundos já sem esperança que compunham a galáxia. Muitos deles usaram o poder concedido pelo Imperador e a crescente ascensão do mesmo para ganhos pessoais e atender suas próprias ambições.

               Porém, um pequeno número de sistemas rebelaram-se contra esse novo domínio de crueldade e violência. Se auto declarando opostos à Nova Ordem eles começaram a grande batalha para restaurar a Velha República.

               Desde o começo de tudo, eles foram vastamente sobrepujados pelos sistemas que aderiram a causa do Imperador à força. Nesses primeiros dias sombrios, parecia certamente que a luz da chama da resistência poderia ser extinta antes mesmo que ela pudesse evocar a luz da nova verdade por toda a galáxia de pessoas oprimidas e derrotadas…

Da Primeira Saga

Journal of the Whills

 

“Eles estavam no lugar errado na hora errada. Naturalmente, eles tornaram-se heróis.” 

Princesa Leia Organa de Alderaan, Senadora”

Bom pessoal, isto prova que, estava TUDO lá. Antes de tudo. Antes da trilogia clássica, antes da pré-logia nova. Antes mesmo de Star Wars ser reentitulado A New Hope e ser re-rentitulado novamente para Episódio IV. Os rumores de que o Sr. Lucas já tinha um grande livrão contendo TUDO sobre o seu Universo de Star Wars, em partes é verdade, em partes nem tanto. Nessa série de artigos entitulada “The Journal of the Whills”, falarei sobre o que andei pesquisando, minhas considerações assim como as informações que consegui cruzar sobre esse misterioso ponto na história de Star Wars, para que possa esclarecer um pouco desse enigma pra vocês. Enfim, ao ler a novelização, PARA MIM, foi o começo de tudo, onde encuquei com esse “The Journal of the Whills”.

Na sequência do artigo The Journal of the Whils – Parte 2. Revelações importantes captadas na NASA sobre Star Wars, não o programa espacial não, mas sim sobre os filmes da saga, seus scripts e o Journal.

Alexandre Vader.

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A Verdadeira História Sem Fim (Neverending Story)

A VERDADEIRA HISTÓRIA SEM FIM

Olá para todos. Este é o meu primeiro artigo em um blog, mas não é a minha primeira idéia sobre algo que gostaria de dividir com quem interessar possa. A vontade de escrever sobre este filme, se deu por vários fatores: vida após a morte, mundo de fantasia e meu filho pequeno, não necessariamente nessa ordem, rsrsrs, explico.

Quando vi A História sem Fim pela primeira vez nos cinemas em 1984, eu senti um vazio muito grande, um aperto no coração, uma verdadeira crise existêncial (eu acho), e talvez a minha primeira. Nesta fase da minha vida eu ainda lidava com a descoberta da morte. A vida era perfeita até que tomei conhecimento desse detalhe, quando ainda tinha 6 anos de idade.

Pois bem, se vocês se lembram de alguma coisa desse filme, devem lembrar que o mundo de Fantasia estava ameaçado pelo “Grande Nada”. O “Grande Nada” consumia tudo que via pela sua frente, toda a fauna, toda a flora, todos os seres, bons e maus…. enfim, despedaçando tudo no seu caminho, até que transformasse tudo que conssumisse em…. NADA. A princípio, parece bobo, não? Mas pense de novo…. o “Grande…… NADA”. Isso me apavorou à época que assisti esse filme no cinema. O final dele é feliz, mas durante toda a sessão eu senti uma angústica muito grande com o fato de que o “Grande Nada” fazia a existência cessar. Eu não conseguia aceitar isso, eu não entendia direito a própria morte ainda, o conceito da morte e do além vida… e as questões que todos querem saber (acredito), De onde viemos? Quem somos? E pra onde vamos? Por mais que muitos saibam respondê-las, eu particularmente ainda não achei uma definição satisfatória (e na verdade acho que não acharei tão cedo), mais isso fica para uma próxima conversa, pois, o que quero dizer aqui é que, aquele filme me impressionou de uma forma intensa, diferente. Até hoje, quando escuto a música tema do filme, tenho um nó na garganta, e tenho de travar as lágrimas. Porque exatamente acontece esse fenômeno eu não sei. Outro fenômeno que não sei explicar é que, já assisti outros filmes menos importantes na minha vida um punhado de vezes, mas A História Sem Fim eu não assistia desde 1984 até esse presente momento.

Achei interessante assisti-lo novamente, e dessa vez, na companhia de meu filho de 4 anos e meio, que é fã das histórias de fantasia. Pois foi a primeira vez que eu o vi chorar e se emocionar com algum filme que tenha visto (sei que vocês devem estar pensando, “mas ele é muito pequeno”, mas não o subestimem, ele é muito, muito esperto), e olha que já havíamos visto E.T. e ele não chorou, rssrrs. Mas na cena em que Atreyu, o guerreiro-criança que é personagem central da história que o livro conta, perde seu cavalo que afunda e morre no Pântano da Tristeza, foi um momento deveras emocionante e forte. Rezava a lenda do lugar que, quem atravessasse o pântano seria tentado a ficar triste e que se essa tristeza chegasse ao coração, tal criatura atolaria e afundaria no lodo pantanoso, tendo morte como certa. Meu filho chorou, mas bravamente continuou a assistir. Mais para frente da película ele me perguntava “o que era o Grande Nada papai?”, que é personificado no filme como uma grande convulsão de gases e nuvens ferozes, agitadas e frenéticas, que relampejam e trovejam ininterruptamente. Confesso que tive dificuldades para explicar o que era o Grande Nada e o que acontecia exatamente quando ele alcançava as criaturas de Fantasia. O discurso que o monstro de pedra faz ao final, desiludido e abertamente desistindo de lutar por sua vida ao perder, literalmente seus companheiros de sua própria mão, levados pelo Grande NADA, é deveras muito emocionante.

O legal do filme é que, a partir do meio da história, os acontecimentos nela lidos pelo protagonista principal, um menino chamado Bastian, são inferidos por desejos inconscientes do menino, creio eu. Isso vocês podem me ajudar a esclarecer, caso queiram comentar, mas a verdade é que, cada personagem ali presente na história passa a ser um componente da vida real do garoto leitor. Na minha interpretação, o dragão Falcor (que parece uma mistura de dragão chinês com vira lata de poodle rsrsrs) é o pai dele, que a todo momento que lhe passa um comentário de sabedoria, dá-lhe uma piscadela de olho assim como o pai dele o dá na vida real (no começo do filme). E a Imperatriz, apesar de se revelar uma criança ao final da história, representa a recém-falecida mãe do menino, e o menino certamente não está lidando bem com isso, ou seja com a morte, e tem de escutar do pai no início da película que, “você tem que parar de imaginar e colocar os pés no chão”, ou coisa que o valha. Ele então mostra um conflito entre a vida real e a fantasia (fantasia esta que nos mantém vivos nesse mundo cão, pois ele é perseguido por meninos maus que praticam abertamente o tal bullying, atirando-o numa lixeira de rua por não dar-lhes dinheiro – já viu isso na vida real? Pois é…).

Ao final das contas o Grande Nada destroi todo o mundo de Fantasia, TUDO e TODOS, só permanecendo a Imperatriz, essa criança que era a autoridade máxima no mundo. E no último segundo, quando a Torre de Mármore, onde ela vivia, estava sendo destruída, pronta para ser consumida pelo Grande Nada, o bastião, ou melhor, o menino Bastian (qualquer semelhança com o nome do menino é mera coincidência) entende que, para salvar o mundo de Fantasia, é preciso acreditar na fantasia, é preciso sonhar! Assim sendo, ele reimagina todo o mundo, exclui o Grande Nada e todas as criaturas, fauna, flora e o Mundo de Fantasia volta ao normal.

O filme, depois de uma tensão enorme e muita melancolia, tem um final pra lá de feliz. Montado no dragão Falcor, ele “entra” no mundo real e persegue os meninos que o maltraram-no no começo do filme, fezendo-os correr até que tivessem que se esconder dentro da lixeira onde o jogavam antes, em uma inocente justiça poética. E então o filme termina naquela musiquinha que faz todo mundo se emocionar.

Eu assisti esse filme em 84, e tinha perdido minha avó materna apenas dois anos antes, minha primeira perda familiar. Assim como o menino do filme que perdera sua mãe, eu não lidava muito bem com o fato, apesar de já estar com 8 anos de idade.

Mesmo assim, ao rever o filme 26 anos depois, senti as mesmas emoções pertubadoras que havia sentido da primeira vez, mas me senti protegido e afagado pelo colo do meu filhote que assistia o filme comigo. E ao chegar no final da História Sem Fim com os olhos cheios de lágrimas, ao escutar a música tema que encerra o filme, não aguentei e algumas gotas rolaram. Como isso não passara despercebido pelo meu filho, o mesmo perguntou se eu estava triste, e respondi à ele que “nem sempre choramos de tristeza. Às vezes choramos de felicidade também. Dessa vez, estou chorando de felicidade por você, meu filho, estar aqui comigo, você entende isso?”… imediatamente ele me olhou e respondeu: “Que bom papai, porque eu te amo e nunca, nunca vou deixar o Grande Nada te levar, é só acreditar papai”…. Ele me deu um abraço tão poderoso, tão poderoso que foi IMPOSSÍVEL não ser contagiado IMEDIATAMENTE pela CERTEZA que habitava no coração daquela criança; de que o amor e a crença de meu filho eram mais poderosos do que qualquer “Grande Nada”.

Dessa maneira, não foi mais possível segurar o pranto.

A sessão de filme chegara ao final, mas a História não. A verdadeira História Sem Fim é o nosso amor. O amor verdadeiro que sentimos um pelo outro. Eu e meu filho. Mais uma vez o “Grande Nada” fora vencido na minha vida e esse filme foi tão importante em dois distintos momentos da minha jornada nesse mundo.

É impressionante como não me canso de aprender com meu filho. Um dia, quando ainda era muito jovem, achava que sabia de tudo. Então fui adquiriando mais informação, mais sabedoria e mais certeza de que nada sei.

Minha busca existencial cessou quando meu filho nasceu. Nunca havia conhecido o amor INCONDICIONAL, o amor VERDADEIRO antes disso.

Queria dedicar essa linda história de amor sem fim para minha falecida avó materna que, tanto me marcou em tão pouco tempo de convívio. E ao meu filho, o pequeno Lucas, que tanto me ensina todo dia e a quem daria minha vida sem piscar os olhos.

Não deixem de acreditar em seus sonhos, eles nos mantem vivos….. mesmo depois que não estamos mais por aqui.

Paz e amor verdadeiro para todos nós!

Namastê!

Ps.: Li pela internet que Neverending Story, que tem 2 sequels e mais série televisiva vai sofrer um reboot nos cinemas. Com as técnicas de CGI de hoje em dia, vai ser um filme tecnicamente melhor, mas duvido que tenha o mesmo charme que o original. Original é original. Não é mesmo Seu George (É!!! Esse mesmo!!! O Lucas! Aquele que mexeu na trilogia clássica um tantão de vezes! :P)

 Alexandre Vader.

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